Vídeo em destaque

Mensagem do Blog Povo Ameríndio para o Dia do Índio de 2009

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"Mas agora ele só tem o 19 de Abril..."

Muito se fala sobre o passado, especialmente sobre o extermínio dos índios norte-americanos. E o presente, e os índios brasileiros? Este vídeo de 3min e 43s apresenta uma visão forte sobre o assunto.

Essa é uma homenagem do Blog Povo Ameríndio a todos aqueles que são nativos das américas ou seus descendentes.

Se você está usando o Firefox e não consegue assistir ao vídeo, clique aqui, faça o download do plugin e instale.


quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Notícia do Greenpeace (Meia Amazônia Não...)

"Olá.
O ano de 2008 chega ao fim com uma boa notícia: conseguimos evitar que o Projeto de Lei 6424, o "Floresta Zero", fosse aprovado na Comissão de Meio Ambiente da Câmara dos Deputados! Muito obrigada pela sua participação na campanha Meia Amazônia Não. Seu apoio foi fundamental para essa conquista, mas a luta para manter nossa floresta inteira ainda não terminou.
No próximo ano continuaremos trabalhando para que o PL 6424 seja rejeitado de vez e deixe de assombrar nossas florestas. Para isso, vamos precisar de sua ajuda mais uma vez.


Queremos ter você ao nosso lado em 2009, para juntos construirmos um futuro mais verde, pacífico e justo.

Obrigada mais vez.
Joanna Guinle "

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

A MEDICINA ÍNDIA DO GRUPO BAMBU

Momentos de stress ou de ansiedade são o que há de mais comum dentro do que nos proporcionam os grandes centros. Uns sentem-se agredidos por isso, mas outros afirmam que "precisam" dessa "adrenalina" para viver e sentir-se feliz.

Em qualquer dos casos, nada melhor do que dar ao organismo e, principalmente, à mente e ao espírito, instantes de prazer, de descanso revigorante - mesmo que sejam curtos momentos. É por isso que alqueles que já foram surpreendidos nos grandes centros pela doce melodia, ritmo pulsante e agradável - ou, ainda, pela harmonia com que rapidamente as músicas indígenas nos trazem à alma - afirmam que os índios que as apresentam são tão especiais.

Poderíamos falar de vários grupos de músicos indígenas que percorrem toda a américa, tornando perene a sua cultura. Mas, dessa vez, estamos falando o GRUPO BAMBU - que vem fazendo muito sucesso na trilha alternativa das ruas e da Internet.


Grupo Bambu apresentando-se no centro da cidade do Rio de Janeiro


Meus amigos índios, Luís Barrientos Ontón (o WAYRACHAKI), Vhictor Abel Rodriguez e Elar Gutierrez são incansáveis: viajam divulgando sua arte durante toda a semana e não há uma apresentação que eu tenha assistido que não fosse um sucesso de público e de vendas.


Wayrachaki, Vhictor e Caetano Mauro


Elar é um Incansável músico-guerreiro que pode, mesmo em tempos de paz, transmitir toda a força de um guerreiro que é músico. Seu fôlego, ritmo, emoção e seriedade empolgam qualquer admirador da música e da cultura ameríndia.


Elar, o incansável músico-guerreiro


Vhictor, também músico, faz muito bem o papel de relações públicas. Simpático com todos, sempre tem alternativas para comunicar-se com os públicos que não dominam seu idioma (e vice-versa).


Vhictor, o músico e relações-públicas do Grupo Bambu


Wayrachaki demonstra ser o mentor da manifestação cultural ameríndio-urbana do Grupo Bambu e um dos melhores músicos indígenas que já tive o prazer de assistir.


Wayrachaki, um dos melhores índios músicos que já pude assistir.


Nosso post convida a todos os leitores que não deixem de ouvir MEDICINA ÍNDIA, com White Buffalo, Flyng Condor, Wayrapa Muspuynin e outros arranjos tão ou mais belos do que essas inconfundíveis músicas interpretadas pelo Grupo Bambu - especialmente ao vivo!

Que me perdôe o saudoso Tim Maia por meu pecado de "usurpar" sua criação, mas:

LEIA O BLOG POVO AMERÍNDIO / COMPRE OS DISCOS DO GRUPO BAMBU / VEJAM O FILME ABAIXO!

Vídeo Amador


segunda-feira, 24 de novembro de 2008

El Cóndor Pasa - A letra

O vôo do Condor é mágico



Mas é difícil dissociar o vôo do Condor da canção "El Cóndor Pasa".

Em 1993, a música El Cóndor Pasa (ver postagem anterior), foi declarada - pelo governo peruano - um Patrimônio Cultural da Nação. Ela foi composta por Daniel Alomía Robles (música) e Julio de La Paz (letra).

A canção foi encomendada para uma obra teatral de mesmo nome e sua letra tem cunho de denúncia social, pois conta uma tragédia causada pelo enfrentamento de duas culturas (a anglo-saxônica e a nativa). Conta a letra um caso que passou-se no assentamento mineiro "Yapaq" de "Cerro de Pasco", Peru. A exploração de Mr. King, dono da mina, tem sua culminação na vingança de Higínio, que o assassina. Mas, para substituí-lo, chega Mr. Cup. E a luta tem que ser reiniciada, e o condor que voa nas alturas é o símbolo da desejada liberdade. (Fonte: Wikipedia)

Letra de El Cóndor Pasa em Quíchua (Principal Dialeto Inca)

Yaw kuntur llaqtay urqupi tiyaq
maymantan qawamuwachkanki,
kuntur, kuntur
apayllaway llaqtanchikman, wasinchikman
chay chiri urqupi, kutiytan munani,
kuntur, kuntur.

Qusqu llaqtapin plaza-challanpin
suyaykamullaway,
Machu piqchupi Huayna piqchupi
purikunanchiqpaq.

Tradução

Ó majestoso Condor dos Andes,
leva-me ao meu lar, nos Andes,
Ó Condor.

Quero voltar à minha terra querida e viver
com meus irmãos Incas, que é o que mais anseio
Ó Condor.

Em Cusco, na praça principal,
espera-me, para passearmos em
Máchu Pícchu e Huayna Pícchu.

Letra Popular

Mais recentemente, Paul Simon, Jorge Milchberg e Daniel A. Robles compuseram nova letra para a canção:

En el imperio incaico
el indio está,
sin luz, sólo está,
triste está.

Detrás de los silencios quedará
jamás, nunca más, volverá.
El inca ya se fué,
a morir rumbo al sol,
y en su alma un condor va
a llorar su dolor volando

Vuela, vuela el cóndor
la inmensidad, sombra de la altipampa.
Sueño de la raza americana
sangre de la raza indiana

El inca há sido traicionado,
llorando las quenas están.
La Pachamama al coya enseño
a morir por la libertada!

El Cóndor Pasa - Machu Pichu

A fim de proporcionar um sentimento próximo do clima dos "posts incas", buscamos no YOUTUBE um vídeo que mostrasse mais da daquela cultura. Encontramos a produção abaixo. Ela não tem imagem de ótima qualidade, mas mostra bem Machu Pichu e uma festa Inca - e tudo isso ao som de El Condor Pasa e o "grito" de "sua santidade, o Condor". Vale ver todo o vídeo.

Os comentários que estão abaixo do vídeo foram colhidos no próprio Youtube.com e falam por si.

Divirtam-se ou tenham uma boa viagem!



"El Condor Pasa no es solo una cancion como cualquier otra.. el Condor pasa es mucho mas que eso, por algo todo el mundo la ah escuchado y la interpreta.. Cosas asi no suceden con la musica de ahora... pero bueno me siento orgulloso de ser Peruano y de toda su riqueza al igual que de esta Hermosa melodia que tambien es Peruana por siempre!!!" (Gabriel Benjamin)

"q lindo!!!!...VIVA EL PERU POR ESTA Y MUCHAS RAZONES MAS!!!...SIEMPRE ARRIBA COMO EL VUELO DEL MAJESTUOSO CONDOR PERUANO....ARRIBA PERUANO LUCHADOR!!" (JDSS77)

"tuve el gusto de visitar Machu Picchu, quede impresionada con tanta belleza, la musica de fondo perfecta, Condor Pasa la mejor musica." (rosiico)

domingo, 23 de novembro de 2008

Civilização Inca: o dualismo entre o bem e o mal

Os incas viveram na região da Cordilheira dos Andes (América do Sul), desde o extremo norte com o Equador e o sul da Colômbia, todo o Peru e a Bolívia, até o noroeste da Argentina e o norte do Chile.

Os pesquisadores comprovam que em cerca de 3000 a.C. uma civilização avançada que perdurou por certa de 1.200 anos, quando, então, encontrou a sua queda. O avanço cultura daquela civilização compreendia a construção de pirâmides de até vinte e seis metros de altura, complexos cerimoniais e numerosos centros populacionais que competiam entre si para construir arquiteturas cada vez mais impressionantes. Além da característica religiosa de culto antropomórfico, o comércio era a troca de algodão plantado pelo peixe dos povos das planícies.

O tempo passa. Os conhecimentos daquela civilização precisavam ser propagados e assim passa a ser feito. O rastro da propagação passa pelo vale do rio Casma, por volta de 1800 a.C. e, em 800 a.C. surge o embrião do estado teocrático andino. A civilização mochica floresce do ano 50 ao ano 700 e, no ano 1.000, expande-se a cultura Tiahuanaco.



Os incas se originaram nas montanhas do Peru, mas seu controle expandiu-se por quase toda a região dos Andes. Fundaram no século XIII a capital do império: a cidade sagrada de Cusco (que no idioma "quíchua" significa "Umbigo do Mundo"). O Império Inca abrigava mais de 700 idiomas, mas o quíchua era o que predominava. O apogeu dos Incas foi no século XV, quando registram-se realizações relevantes de arquitetura, construção de estradas, pontes e sistemas de irrigação. Mas os métodos de expansão dos imperadores não se diferem muito daquilo que a história registra em outras épocas e continentes: grandes exércitos, cessão de direitos sobre terras e estabelecimento de honrarias aos cedentes das terras (que passavam a ser nobres dignatários do Império), alta tributação a favor do Império, enfim, formas de domínio pela força são constatados naquela civilização.

Músico paramentado conforme as tradições incas



O imperador, conhecido por Sapa Inca era considerado um deus na Terra. A sociedade era hierarquizada e formada por: nobres (governantes, chefes militares, juízes e sacerdotes), camada média (funcionários públicos e trabalhadores especializados) e classe mais baixa (artesãos e os camponeses). Esta última camada pagava altos tributos ao rei em mercadorias ou com trabalhos em obras públicas.

A religião tinha como principal deus o Sol (deus Inti). Porém, cultuavam também animais considerados sagrados como o condor e o jaguar. Acreditavam num criador antepassado chamado Viracocha (criador de tudo). Os templos incas são famosos, mas nenhum tão famoso quando o "Templo do Sol", em Cusco, construído com pedras encaixadas de forma fascinante e abrigava uma grande imagem do sol.

Na arquitetura, desenvolveram várias construções com enormes blocos de pedras encaixadas, como templos, casas e palácios. A cidade de Machu Picchu foi descoberta somente em 1911 e revelou toda a eficiente estrutura urbana desta sociedade. A agricultura era extremamente desenvolvida, pois plantavam nos chamados terraços (degraus formados nas costas das montanhas). Plantavam e colhiam feijão, milho (alimento sagrado) e batata. Construíram canais de irrigação, desviando o curso dos rios para as aldeias. A arte destacou-se pela qualidade dos objetos de ouro, prata, tecidos e jóias.

Uma bela visão do Templo do Sol, em Cuzsco (Peru), onde se vêem muros originais da arquitetura Inca e muros mais recentes feitos por tentativa dos espanhóis - que foram chamados de "Os Incapazes" pelos nativos.



Domesticaram a lhama (animal da família do camelo) e utilizaram como meio de transporte, além de retirar a lã , carne e leite deste animal. Além da lhama, alpacas e vicunhas também eram criadas.

Criaram um interessante e eficiente sistema de contagem : o quipo. Este era um instrumento feito de cordões coloridos, onde cada cor representava a contagem de algo. Com o quipo, registravam e somavam as colheitas, habitantes e impostos. Mesmo com todo desenvolvimento, este povo não desenvolveu um sistema de escrita.

Fontes: Wikipedia (http://http://pt.wikipedia.org/wiki/Incas) e SuaPesquisa (http://www.suapesquisa.com/astecas/)

sábado, 22 de novembro de 2008

O Raio de Sol do Avatatá

Sou nascido no dia 12 de outubro, em hora muito próxima às 12h00. Sendo assim, em minha família sempre dissemos que o meu nascimento foi ao "meio-dia". De alguma forma isso influenciou toda a minha vida, pois, observando a minha trajetória, muitas coincidências constatam que sempre encontrei alguma forma de mostrar minha satisfação por ter chegado à vida presente no horário em que o SOL está em evidência.

A abordagem mística diz que as primeiras energias que meus corpos físico, mental e espiritual receberam ao chegar à "Mother Earth" ou, como dizem os povos andinos, à "Pachamama", foram aquelas fortemente emitidas pelo SOL.

Mas o determinismo diria que "o homem é o produto do meio", assim , enquanto não aprendi a ser livre, em épocas em que o meu caráter era forjado pelo meio em que fui criado - graças a Deus, a minha família - certamente as tantas falas sobre a hora de meu nascimento devem ter direcionado o meu subconsciente para o caminho do encontro das coincidências entre mim e o SOL. Realmente foram muitas as coincidências. Dentre outras, algumas foram marcantes:

- Minha mãe (dessa vez não a Pachamama, mas a dona "Misa" - aliás, minha primeira referência sobre o porquê de se amar a cultura ameríndia), contava que meus desenhos eram sempre aproveitando o ícone infantil do SOL (aquele círculo central rodeado de raios...).

- Meu tio-avô, o Tio Humberto, um expert no Tupi-Guarani, chamava-me de "Avatatá" (o cabelo de fogo) e dizia que minha cabeça era como o SOL, um círculo com fogo em volta.

- Meu avô, o Vovô Deodoro, certa vez me disse que meu fogo não era o cabelo, mas o "fogo nas ventas" (talvez porque soubesse que eu era muito brigão).

- Mais crescido, meus amigos índios me chamavam de "Raio de Sol", apelido que guardo com muito carinho e orgulho até os dias de hoje.

- Estudando o ocultismo, encantei-me com o "Mestre Uiracocha" (que também se escreve "Viracocha"), iniciado pelos Incas. Foi quando um amigo meu, peruano filho de peruana com alemão, descreveu-me o desenho de um Uiracocha: um SOL de três dimensões idêntico ao que a dona "Misa" me dera em certa ocasião - com uma Lhama em seu centro - era a "cabeça" daquela divindade Inca.
Uiracocha, a divindade Andina

Enfim, não me desvencilhei e nunca pensei em me desvencilhar desse, talvez, enigma presente em minha vida.

No website de Rosane Volpatto (http://www.fosanevolpatto.trd.br), encontrei a seguinte citação sobre os "Filhos do Sol":

"O homem andino passou a chamar-se "Filho do Sol", porque seu ideal era ativar o seu "Sol Interno", reconciliando-se com as forças femininas da Pachamama (Mãe Terra) e com as forças masculinas de Viracocha (Grande Criador). O "Filho do Sol" é o compromisso com a unificação e o crescimento, um compromisso de viver profundamente os seus poderes e de ser tão brilhante quanto o nascer do Sol."

Talvez em poucas ocasiões eu tenha me identificado tanto com uma citação, tal como essa. Talvez, enfim, ela explique o porquê de minha teimosia em conciliar evolução com tradição; combinar a arte com a matemática; buscar a paz, vivendo entre o belicismo e o perdão; perseguir a missão de fazer a diferença na vida das pessoas, seja encontrando formas de construir templos às suas virtudes ou, somente, estendendo a mão para o amparo e o braço para dar força aos que necessitam e querem.

Bem, tantas palavras para justificar o próximo "post" do Blog Povo Ameríndio: um "cliping" sobre os Incas, essa fantástica civilização que nos deixou um legado místico tão rico.

Boa leitura a todos.

Caetano Mauro
Editor do Blog Povo Ameríndio

sábado, 15 de novembro de 2008

MEIA AMAZÔNIA NÃO!

"Só quando a última árvore for colocada abaixo, só quando o último rio for envenenado, só quando o último peixe for capturado, só então vocês compreenderão que o dinheiro não presta para se comer".

(Profecia do povo Cree - Povo oriundo da América do Norte que habitava desde as Montanhas Rochosas até o Oceano Atlântico, tanto nos Estados Unidos quanto no Canadá. Hoje constitui o maior grupo indígena do Canadá, com uma população superior a 200 mil membros. A língua cree era a mais falada na América do Norte, sendo que nos dias de hoje nem todos os cree a falam fluentemente)


Texto divulgado no site http://www.meiamazonianao.org.br , de responsabilidade do GREENPEACE:



"Passou no Senado e tramita agora na Câmara dos Deputados um projeto de lei que, se aprovado, será um golpe mortal para as florestas brasileiras e, em especial, a floresta amazônica. Originalmente de autoria do senador Flexa Ribeiro 9PSDB-PA), e modificado pela comissão de agricultura do congresso, o PL 6424/2005 autoriza a derrubada de até 50% da vegetação nativa em propriedades privadas na Amazônia. De quebra, legaliza praticamente todos os desmatamentos que, nos últimos 40 anos, derruparam certa de 700 mil quilômetros quadrados da área original da floresta - o equivalente a quase três estados de São Paulo. O projeto também desobriga os responsáveis pelos desmatamentos de recuperarem o que derrubaram, permitindo que um desmatamento realizado no Pará, por exemplo, seja compensado com o plantio de árvores no Rio de Janeiro. Em resumo, o projeto condena vastas regiões do Brasil a serem livres de floresta, o que o levou a ficar conhecido como 'Projeto Floresta Zero'."

Caros leitores do Blog Povoameríndio:

Esse canal de divulgação sobre a cultura ameríndia não poderia se omitir diante de tal aberração. Sabe-se que muito mais do que interesses econômicos, o problema passa pela própria existência da fauna e flora, pelo equilíbrio natural do sistema, pela agressão à natureza que em qualquer instância inclui a nós, seres humanos, e o legado que deixaremos para nossos descententes.

Quem se interessa pelo porquê da aniquilação da cultura ameríndia deve ser fiel aos seus princípios e valores e lembrar que a natureza não passará incólume a tal agressão.

Lemos no discurso feito pelo Chefe Seattle ao Presidente Franklin Pierce em 1854, nos Estados Unidos da América:

"Sabemos que o homem branco não compreende o nosso modo de viver. Para ele um lote de terra é igual a outro, porque ele é um forasteiro que chega na calada da noite e tira da terra tudo o que necessita. A terra não é sua irmã, mas sim sua inimiga, e depois de a conquistar, ele vai embora, deixa para trás os túmulos de seus antepassados, e nem se importa. Arrebata a terra das mãos de seus filhos e não se importa. Ficam esquecidos a sepultura de seu pai e o direito de seus filhos à herança. Ele trata sua mãe - a terra - e seu irmão - o céu - como coisas que podem ser compradas, saqueadas, vendidas como ovelha ou miçanga cintilante. Sua voracidade arruinará a terra, deixando para trás apenas um deserto."

Depois disso nos emocionamos e lamentamos o que fizeram nossos antepassados.

Agora é hora de nos revelarmos como CONTRA A EXTINÇÃO DA NATUREZA AMAZÔNICA. MEIA AMAZÔNIA NÃO!

Os interessados podem acessar ao website http://www.meiamazonianao.org.br, cadastrar seus e-mails, convidar amigos, montar rede, enfim, divulgar como for possível. Recomendamos que o façam.

O importante é que cada adesão pode ser o diferencial para conseguirmos abolir a possibilidade de sujarmos ainda mais a passagem do homem na história desse planeta.

"Se te vendermos a nossa terra, ama-a como nós a amávamos. Proteje-a como nós a protegíamos. "Nunca esqueças de como era esta terra quando dela tomaste posse": E com toda a tua força o teu poder e todo o teu coração - conserva-a para teus filhos e ama-a como Deus nos ama a todos. De uma coisa sabemos: o nosso Deus é o mesmo Deus, esta terra é por ele amada. Nem mesmo o homem branco pode evitar o nosso destino comum."

(Duwamish - Seattle Chief)

domingo, 26 de outubro de 2008

Os Cherokees hoje


Por: Anna Orzech Kurahayashi


Durante séculos, índios Cherokee, como tantos outros, sofreram perseguição e abusos por parte do homem branco. Os "colonos americanos" matavam, roubavam suas terras e sequestravam seus filhos.

Hoje em dia, a tribo Cherokee enfrenta outro tipo de problema: pobreza, desemprego, alcoolismo, falta de saneamento básico, para citar alguns. Mas, diferentemente do que muitos poderiam pensar, a origem desses problemas não é somente a política do governo estadunidense. A situação é muito mais complexa e envolve o "governo" Cherokee (entre aspas e o porquê vem abaixo), especificamente, a diretoria da Cherokee Nation of Oklahoma (www.cherokee.org).

Esta organização foi criada em 1839 por um grupo de Índios Cherokee da região de Oklahoma (aqui vale a pena abrir um parênteses para explicar que na tradição secular da tribo Cherokee não existia conceito de governo soberano, poderoso e considerado representativo para todos os membros da tribo; existiam, sim, vários governos, mas o poder e tarefas cedidas a eles foram consideradas como privilégio e crédito de confiança - e em cada momento o povo podia retirar esses privilégios).


Foto: Cacique Chad Smith

Atualmente, a Cherokee Nation of Oklahoma tem um governo formado pelo cacique principal (Principal Chief), seu vice e o Conselho Tribal (Tribal Council), que conta com 17 membros eleitos para 4 anos. O cacique atual é Chadwick (Chad) "Corntassel" Smith - no cargo desde 1999. E é exatamente ele quem está sendo apontado como o responsável pela tragédia de uma das maiores nações indígenas da América do Norte. O seu governo é acusado de fraudes financeiras, desvio de dinheiro público, nepotismo e empreendimentos falidos.

Oficialmente, a Cherokee Nation Bussiness e a Cherokee Nation Enterprises recebem 300 milhões de dólares por ano em forma de subsídios do governo americano. Os casinos, lojas de conveniência, hotéis e outros empreendimentos trouxeram em 2007 lucro de 418 milhões de dólares. Disso, apenas 30 milhões foram destinados aos empregados. Surge a pergunta: o que aconteceu com os mais de 300 milhões?

A oposição, com John Cornsilk , da organização United Cherokee Nation (www.jalagi.org), apresenta uma longa lista de erros de Smith e seus apoiadores. Os dados são chocantes, dentre os quais, que a Cherokee Nation se destaca pela falta de qualidades empreendedoras. Segundo o jornal Muskogee Phoenix a tribo Cherokee pode ter perdido mais que 3.6 milhões de dólares na falida rede de internet Cherokee Connex. A Cherokee Nation Industries, por sua vez, investiu 2,5 milhões na compra de uma companhia - o dinheiro está perdido. Membro do Conselho Tribal, Cara Watts, usou 45.000 dólares para comprar um terreno para a construção de um prédio comunitário e ganhou mais de 100.000 dólares em subsídios. O resultado? O prédio está inacabado, vazio e não é acessível à sociedade. O próprio cacique, segundo a oposição, não hesitou em gastar 2 milhões de dólares na compra de um avião particular.

Ao mesmo tempo muitos dos Cherokees não têm rede de esgoto, água corrente ou instalação elétrica, e os que trabalham nos casinos ganham salários muito baixos. Ultimamente, Chief Smith negou a eles status de empregados federais (título que é garantia de vários privilégios), assim como vetou o projeto de construção de mais clínicas para o povo Cherokee. A Cherokee Nation of Oklahoma também recusa a fornecer serviço médico básico à população, apesar de receber recursos que permitiriam isso.


Foto: Contraste entre o casino milionario e a pobreza de uma cherokee tecelã

O líder da United Cherokee Nation, John Cornsilk , apresenta no seu site (www.cornsilks.com) as informações sobre práticas do governo de Smith. Foi ele também que em 2007 lançou uma petição on-line (www.ipetitions.com/petition/Stop-CNO/index.html) para tirar Smith do poder. Um dos argumentos é o fato de que este governo se autodenominou representante de todos os Cherokees, enquanto mais da metade deles vive fora das fronteiras da CNO e não têm nenhum direito aos benefícios.

A mais recente polêmica ligada a Smith envolve a questão de "freedmen" - mas isso já é tema para outro post!

Anna Orzech Kurahayashi


O Blog Povo Ameríndio quer apresentar uma nova colaboradora de valor: Anna Orzech Kurahayashi.

Anna Orzech é uma mulher comprometida com seus valores e que, dentre eles, possui uma forte consciência de que conhecer a história é fundamental para que a humanidade não cometa no futuro os mesmos erros do passado.

Não cabe, nesse momento, abrir o currículo de Anna Orzech, mas recomendar fortemente que nossos leitores se atenham aos seus posts, pois - como pode ser constatado em seu primeiro post nesse nosso Blog - seu conhecimento e facilidade de transcrevê-lo em palavras simples e próprias para o entendimento de todos, nos traz notícias importantes sobre a existência do Povo Ameríndio. Comecemos, assim, lendo o excelente relado "Os Cherokees Hoje", no post a seguir.

Anna, que bom que você está participando de nosso Blog. Muito Obrigado.

Caetano Mauro

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Uma prece Cherokee

Uma das melodias mais conhecidas dos norte-americanos, cantada até os dias de hoje, é a prece Cherokee "Deus está falando com você". Certamente o leitor já deve ter ouvido essa melodia anteriormente. Assim, transcrevemos, abaixo, a tradução daquela prece indígena, cantada na língua Cherokee, cuja tradução e adaptação encontra-se no Livro by San Etioy (http://www.lyndha.com/hxamas/cherokee.htm).



Deus está falando com você"

Um homem sussurrou: Deus fale comigo! E um rouxinol começou a cantar, mas o homem não ouviu.

Então o homem repetiu: Deus fale comigo! E um trovão ecoou nos céus, mas o homem foi incapaz de ouvir.

O Homem olhou em volta e disse: Deus deixe-me vê-lo! E uma estrela brilhou no céu, mas o homem não a notou.

O homem começou a gritar: Deus mostre-me um milagre! E uma criança nasceu, mas o homem não sentiu o pulsar da vida.

Então o homem começou a chorar e a se desesperar: Deus toque-me e deixe-me sentir que você está aqui comigo!... E uma borboleta pousou suavemente em seu ombro. O homem espantou a borboleta com a mão e desiludido continuou o seu caminho triste, sozinho e com medo.

Tribos Famosas - Cherokee

Texto transcrito da Wikipedia:

"As nações e grupos cherokee reconhecidos pelo governo dos EUA representam 250 mil pessoas com sede em Tahlequah, Oklahoma, são a Nação Cherokee (Cherokee Nation) e o Grupo Unido Keetoowah dos Índios Cherokee (United Keetoowah Band of Cherokee Indians) e, baseados na cidade de Cherokee, na Carolina do Norte, o Grupo Oriental dos Índios Cherokee (Eastern Band of Cherokee Indians). Também há tribos reconhecidas em nível estadual na Geórgia, no Missouri e no Alabama. Outros grupos relevantes e não-reconhecidos existem no Arkansas, no Missouri, no Tennessee e em outros estados dos EUA.

A grafia "Cherokee" em inglês, acredita-se, é devida à derivação do nome do idioma em sua própria língua, Tsalagi, por meio de uma transposição fonética em Português] (ou, mais especificamente, no dialeto barranquenho, já que o explorador Fernando de Soto era da Extremadura). De Soto teria chamado os tsalagi de "chalaque", que pelo francês derivou em cheraqui, e depois em cherokee. Retornando ao português, o nome do povo e do idioma passou a ser cherokee (com tônica na última sílaba), embora esta grafia às vezes seja incorretamente ignorada e trocada pela versão em inglês.

A língua cherokee não contém o som "r". Assim, a palavra "cherokee" quando pronunciada no idioma original é dita Tsa-la-gi (também pronuncida Jah-la-gee ou Cha-la-gee) pelos nativos, já que estes sons se parecem mais com "Cherokee" na língua original. Um grupo sulista dos cherokees, no entanto, passou a falar um dialeto local com um som de "r" trilado após o contato com os europeus, tanto franceses quanto espanhóis, no início do século XVIII."


Idioma e alfabeto

Os cherokees falam um idioma da família iroquois que é uma língua polissíndeta escrita com um silabário (alfabeto em que cada símbolo representa uma sílaba inteira, não um único fonema) inventado pelo líder indígena Sequoyah. Acredita-se atualmente que já havia antes um silabário ancestral que teria inspirado Sequoyah a criar o sistema.

Durante anos, várias pessoas escreviam na Internet palavras cherokee transliteradas ou usavam fontes intercompatíveis improvisadas para escrever o silabário. Entretanto, recentemente os caracteres cherokees foram incluídos no sistema Unicode, o que permitiu ao idioma cherokee viver um renascimento linguístico e ter o seu uso ampliado.



História

A Nação Cherokee foi unificada a partir de uma sociedade interrelacionada de cidades-estado no início do século XVIII sob o "Imperador" Moytoy, com a ajuda não-oficial de um emissário inglês, Sir Alexander Cumming. Em 1730, o Chefe Moytoy de Tellico foi designado "Imperador" pelos caciques das maiores aldeias cherokees. Moytoy também concordou em reconhecer o rei da Inglaterra, Jorge II, como protector do povo cherokee. Uma década antes deste tratado, os cherokee tinham combatido o governo da colónia da Carolina do Sul durante vários anos. O título de Imperador Cherokee, entretanto, não implicava tanto poder sobre os cherokee, e o título acabou se perdendo da linhagem direta de Moytoy.

Na época da Guerra de Independência dos EUA (1776-1783), disputas quanto à acomodação de colonos brancos nas terras indígenas, em sucessivas violações de acordos anteriores, levaram vários cherokee a abandonar seu território original. Estes primeiros dissidentes se mudaram para o outro lado do Rio Mississípi, para áreas que depois seriam os estados ianques do Arkansas e do Missouri. Por volta do ano 1800, seus assentamentos estavam estabelecidos nas bacias dos rios St. Francis e White. Mais tarde, havia tantos cherokees nestas áreas que o governos dos EUA acabou estabelecendo uma Reserva Indígena Cherokee no Arkansas, do norte do rio Arkansas até a margem sul do rio White. Vários destes índios removidos ficaram conhecidos como a tribo Chickamauga. Liderados pelo cacique Canoa Arrastada, os chickamauga se aliaram com os shawnee e fizeram ataques contra colónias dos brancos. Outros líderes cherokee que viveram no Arkansas foram Sequoyah, Sapo Fresco e O Holandês.


Curiosidades

A Wikipedia indica, ainda, algumas celebridades norte-americanas que são descendentes dos Cherokee:

* Scott Stapp, cantor
* Rita Coolidge, cantora
* Johnny Depp, actor
* John Nance Garner, deputado pelo Texas e trigésimo-segundo vice-presidente dos EUA
* Chuck Norris, actor
* John Phillips, vocalista do The Mamas & the Papas
* Will Rogers, humorista
* Nokie Edwards, guitarrista norte-americano do The Ventures
* Jimmy Hendrix, guitarrista norte-americano
* Cher, cantora

Os Mandamentos Cherokee

Fonte: http://www.lyndha.com/hxamas/cherokee.htm/cherokee.wav



Trate a Terra e tudo o que nela habita com respeito
(Treat The Earth And All That Dwells thereon With Respect)

Mantenha-se próximo ao Grande Espírito
(Remain Close To The Great Spirit)

Mostre grande respeito por todos os seres
(Show Great Respect For all Beings)

Trabalhem juntos pelo benefício da Raça Humana
(Work Together For The Benefit Of All Mankind)

Faça o que Você sabe que é certo
(Do What You Know Is Right)

Cuide do bem estar da mente e do corpo
(Look After The Well-being Of Mind And Body)

Dedique uma parte de seus esforços para o Bem Maior
(Dedicate A Share Of Your Efforts To The Greater Good)

Seja sempre verdadeiro e honesto
(Be Truthful And Honest At All Times)

Assuma total responsabilidade por seus atos.
(Take Full Responsibility For Your Actions)

domingo, 5 de outubro de 2008

Mayuta: o Pajé Kalapalo e seu conhecimento xamã

É interessante saber que quem se habilita a ser um pajé precisa ficar recluso seis anos, sem sexo, dentro de uma oca onde a luz do sol raramente entra. Mas isso nos faz pensar no choque cultural entre a sabedoria indígena e o dinamismo da "sociedade da informação", onde - nessa última - a importância da informação é direcionada à guerra hipercompetitiva de mercados que visam a produção para satisfazer as necessidades (desejos?) de um mercado consumista e arrogante - mesmo que não tenhamos nos dado conta disso.

Élon Brasil é um artista plástico brasileiro, auto-didata, de excelente formação cultural e consciente de seu papel de cidadão-formador-de-opinião. Sua obra é composta por imagens da terra: índios, negros e caboclos, cercados por textura e cores marcantes. Sua temática busca ressaltar e preservar a cultura brasileira e suas próprias raízes.


Élon Brasil - Menina Kalapalo


Lendo o livro "Élon Brasil e as nossas raízes encantadas" (EDITORA TERCEIRO NOME) - e admirando suas belas artes - encantei-me também pela passagem em que Élon conta em seu depoimento a Damásio Contreras um ritual de "pajelança" na aldeia Kalapalo (Sul do Parque Indígena do Xingu). Segue a transcrição:

"Havia uma índia passando mal, cuspindo sangue. Moléstia chamada, na região, de "doença de índio", como se fosse tuberculose. O sangue vinha em golfadas, a índia gemia sem parar. Os próprios índios diziam: ela vai morrer. Disso, Élon não tinha a menor dúvida.

Mayuta se fez acompanhar de outros dois pajés. Em geral, a "equipe médica" é composta de três, chefiada pelo pajé principal. Conversando com os outros pajés, Mayuta determinou a estratégia da abordagem terapêutica. Os pajés cantavam baixinho, algo como um mantra; Mayuta pegou aquele seu cigarro longo e largo, acendeu-o, e ficou soprando os tragtos no peito da índia doente.

Depois, mandou-a abrir a boca e jogou a fumaça dentro. Tudo acompanhado de frases inacessíveis ao conhecimento de Élon. O cigarro era feito da mesma folha que o artista havia conhecido, nos fins de tarde ao lado do xamã.

A sessão toda durou cerca de doze horas. Iniciou-se em um começo de noite, atravessou a madrugada e viu o dia raiar. O contato com a doente, a fumaça no peito e dentro da boca, levou pouco tempo, apenas três horas, mas os curandeiros ficaram ali, como que rezando pela índia adormecida.

Logo cedo, a moça levantou, como se não tivesse acontecido nada. Pegou um filho, pôs no colo e andou pela aldeia, pra lá e pra cá. Chegou a se dirigir ao artista plástico, provavelmente porque o viu na longa sessão de tratamento, falou alguma coisa para ele, que não entendeu.

Diante desse acontecimento, Élon percebeu, muito nitidamente, o quanto nos afastamos da nossa essência. Convenceu-se de que a arrogância transforma nossos átomos, por mais humanistas que imaginemos ser. Em uma cidade grande, estamos cercados de Mal por todos os lados. De repente, é preciso que um espiritualista das selvas, um Mayuta, venha nos ensinar que a natureza pode muito. Quase tudo."


(Brasil, Elon. Elon Brasil: e as nossas raízes encantadas / depoimentos a Damásio Contreras; [tradução para o inglês Juliana Spink]. São Paulo: Editora Terceiro Nome, 2008)

Os Puris

Morei muitos anos na Zona da Mata de Minas Gerais (Brasil), onde muitas histórias sobre os Puris são contadas até os dias de hoje.

Os Puris foram um grupo indígena, atualmente considerado extinto, que habitava no século XIX os estados brasileiros do Espírito Santo, Rio de Janeiro e Sudeste de Minas Gerais. Foram também chamados coroados. Em sua homenagem, hoje posto um quadro de Debret que registra a existência daquela sociedade nas terras brasileiras.

Os Puris eram conhecidos como índios "mesquinhos pelo seu físico, mas célebres pelo seu espírito". Ricos em emoção, eram apaixonados e ciumentos. Conta-se, também, que "adotavam, temporariamente, a poligamia, consistindo a união conjugal em ser o pai da noiva brindado pelo pretendente, que a recebia como retribuição do seu presente". (Leoni Iório - http://br.geocities.com/leoni_iorio_valenca_div1/valenca_livro_aldeia_parte_4.htm)



Abaixo segue texto extraído da Wikipedia sobre os Puris. Nela observa-se que a concentração dos Puris era, principalmente, no estado do Rio de Janeiro e do Espírito Santo, bem como que - conforme o significado da palavra Puri em sua língua - era um povo pacífico, manso e tímido.

Em Ponte Nova, por exemplo, mais pacíficos, aproximaram-se dos colonizadores, sendo comum sua presença nas fazendas como agregados. Mesmo no primeiro quartel do século XIX mantinham aldeamentos próximos do povoado. Duas dessas aldeias situavam-se no local do atual Bairro do Pacheco e no alto do Morro do Pau D` alho, onde hoje se ergue o Colégio Dom Helvécio.

Cláudio Moreira Bento, escrevendo sobre as comemorações dos 200 anos de Resende, comenta o massacre dos índios puris pelos primeiros habitantes dos municípios que formaram a cidade. Apoia-se em fontes a que recorreu para escrever o ensaio «Os puris da vale do Paraíba fluminense e paulista», in Migrações do Vale do Paraíba, São José dos Campos: UNIVAP, 1994, que publicou os Anais do XII Simpósio de História do Vale do Paraíba, trabalho republicado pela Academia Itatiaiense de História (ACIDHIS), em Volta Redonda, 1995. Contesta nele as afirmações de Joaquim Norberto de Souza e Silva em sua Memória documentada das aldeias de índios da Província do Rio de Janeiro, no n. 14 da Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil, apresentado na sessão magna do Instituto em 1852.

Diz Joaquim Norberto que «O ousado Sargento–mor Joaquim Xavier Curado, depois general e Conde de Duas Barras, transportando-se aos campos infestados de Puris, formou um corpo (tropa militar) com seus moradores» (de Resende) e completa: «Ainda hoje (1852) se relata à tradição, as maiores atrocidades cometidas em vingança contra os atentados dos índios e acusa a peste das bexigas (varíola) levada ao seio das tabas puris como um meio eficaz de reduzi-los. O horror de tão negras cenas presenciaram os moradores do (rio) Paraíba, cuja torrente caudalosa arrastava quotidianamente os hediondos cadáveres das míseras vítimas.»

Joaquim Norberto se referiu genericamente à tradição, diz Cláudio Moreira Bento, sem apontar caso concreto a ser investigado em outras possíveis fontes. E tradição não se constitui fonte histórica, ainda mais quando fontes primárias , como o Relatório de passagem do governo do vice-rei D. Luís de Vasconcelos ao Conde de Resende, que menciona a pacificação de Resende pelo Capitão Curado, não autoriza a sua grave insinuação. O Relatório do vice-rei diz apenas que o capitão curado, que chama de valente oficial, « conseguiu afugentar os rebeldes fora do sertão (do Campo Alegre) circunvizinho, por ter recorrido aos meios só capazes de os aterrar.»

Alfredo Pretextado Maciel da Silva, em Generais do Exército Brasileiro, Rio de Janeiro, Imprensa Militar 1905 assim interpretou a missão do Capitão Curado: « No governo do vice-rei D. Luís de Vasconcelos e Sousa (1779-1790), partiu do Rio de Janeiro para por-se a testa dos moradores do sertão da Paraíba Nova, (...) com o fim de reprimir com o maior rigor, antes que fizessem mais prejudiciais, as irrupções que faziam nos referidos sertões (sertão do Campo Alegre) uma horda de índios bravios, assolando fazendas que saqueavam, atacando e matando a todos que infelizmente lhes caiam em mãos.». E adiante: «De modo que a maior parte dos fazendeiros que tinham seus estabelecimentos ao norte do rio (Paraíba), os abandonaram, por não serem suas forças capazes de se lhes fazer frente, o que permitia a esses índios passarem para o lado oposto do Paraíba, onde continuaram as suas hostilidades e depredações. Conseguiu o dito Xavier Curado salvar os fazendeiros e moradores sem nenhuma opressão e, restabeleceu a tranqüilidade de que estavam privados, com toda a prudência e moderação, empregando um corpo de tropas que formou de diversos moradores para as diligências que se fizessem necessárias, para rechaçar os que se tornaram indomáveis, o que o fez respeitado em diversas ocasiões e lugares em que se praticaram aquelas irrupções.

Assim, os puris teriam sido afugentados para fora do sertão circunvizinho (sertão do Campo Alegre, hoje Resende, Itatiaia, Porto Real, Quatis, Barra Mansa, Volta Redonda) donde não mais apareceram e congregou os dispersos que não duvidaram a formar uma nova aldeia no local que habitavam – o Minhocal, onde por longos anos se conservaram sob a ação inteligente do padre Henrique José de Carvalho (pároco de Resende por 22 anos de 1767 a 1789).

Em relatório do padre Francisco Chagas Lima, em 1801, fundador de Queluz, a mais fiel fonte sobre os puris do Campo Alegre, reproduzida pelo historiador Paulo Pereira Reis em Os Puris de Paicarée se diz: «Não se conhecia fato algum de um puri que haja matado um branco. Quando os brancos embrenhavam-se na mata para colher a planta medicinal poaia, ao encontrarem os puris estes se punham a correr, arriscando-se furtivamente a apanharem para seus usos as ferramentas dos brancos. O próprio nome puri significava na língua deles gente mansa ou tímida.»

A organização de uma força em Resende para afugentar índios bravios se deve certamente a incursões de índios botocudos vindos de Minas Gerais e que agrediam brancos e os próprios puris. O governador de São Paulo Diogo de Vasconcelos, em carta de 13 de outubro de 1775 descreveu os puris como «índios tímidos, medrosos e covardes, não havendo o que temer deles.

(http://pt.wikipedia.org/wiki/Puris)

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Pajés e Feiticeiros na sociedade Kamaiurá




Nada melhor do que recomendar uma leitura profunda, fundamentada em pesquisas sérias, feitas por quem realmente entende do que fala.

Pesquisamos na "net" e encontramos um trabalho de Carmen Junqueira, antropóloga, formada em 1959 pela Escola de Sociologia e Política de São Paulo. Carmen Junqueira é professora emérita da PUC de São Paulo e escreveu diversos livros, como Os índios de Itapu (Ática), Antropologia indígena (Educ), Indigenismo na América Latina (Cortez) e Sexo e desigualdade (Rosa dos Tempos).

Em seu trabalho "PAJÉS E FEITICEIROS", Carmen explica a relação entre pajelança e feitiçaria, atividades sociais que se opõem na cultura Kamaiurá. Trata-se de um exame dos procedimentos que acompanham doença e morte, ambos fatores de desordem no cotidiano da aldeia. O estudo foi baseado na sociedade Kamaiurá (Alto Rio Xingu), ao lado da lagoa de Ipavu.

É interessante entender que entre os chamados "primitivos" os vestígios da verdadeira essência da relação homem-natureza (ou natureza-homem, como queiram) é tratada como algo óbvio e simples. Diz Carmen Junqueira: "Os Kamaiurá têm um modo peculiar de observar as coisas, reparando com vagar nos detalhes, como que buscando qualidades: cheiram, apalpam, testam o sabor. É um exame lento, cuidadoso, no qual os sentidos apurados são exigentes e não deixam que o tempo corra livre ordenando e definindo ritmos e limites. O tempo parece solidário com a vontade de conhecer. E possível, também, que esse uso profundo dos sentidos estimule a criatividade mítica, ampliando os registros da imaginação, permitindo enxergar uma riqueza de relações, semelhanças e oposições escondidas na aparente insignificância das coisas materiais mais corriqueiras."

Para conhecer mais essa cultura, um bom caminho é visitar o website SciELO Brazil (Scientific Electronic Library Online) e ler o estudo de Carmen Junqueira.

Boa leitura!

domingo, 21 de setembro de 2008

Código de ética dos índios norte-americanos

Written by Ayesha Tamarix

1. Levante com o Sol para orar. Ore sozinho. Ore com freqüência. O Grande Espírito o escutará, se você ao menos, falar.

2. Seja tolerante com aqueles que estão perdidos no caminho. A ignorância, o convencimento, a raiva, o ciúme e a avareza, originam-se de uma alma perdida Ore para que eles encontrem o caminho do Grande Espírito.

3. Procure conhecer-se, por si mesmo. Não permita que outros façam seu caminho por você. É sua estrada, e somente sua. Outros podem andar ao seu lado, mas ninguém pode andar por você.

4. Trate os convidados em seu lar com muita consideração. Sirva-os o melhor alimento, a melhor cama e trate-os com respeito e honra.

5. Não tome o que não é seu. Seja de uma pessoa, da comunidade, da natureza, ou da cultura. Se não lhe foi dado, não é seu.

6. Respeite todas as coisas que foram colocadas sobre a Terra. Sejam elas pessoas, plantas ou animais.

7. Respeite os pensamentos, desejos e palavras das pessoas. Nunca interrompa os outros nem ridicularize, nem rudemente os imite. Permita a cada pessoa o direito da expressão pessoal.

8. Nunca fale dos outros de uma maneira má. A energia negativa que você colocar para fora no universo, voltará multiplicada a você.

9. Todas as pessoas cometem erros. E todos os erros podem ser perdoados.

10. Pensamentos maus causam doenças da mente, do corpo e do espírito. Pratique o otimismo.

11. A natureza não é para nós, ela é uma parte de nós. Toda a natureza faz parte da nossa família Terrenal.

12. As crianças são as sementes do nosso futuro. Plante amor nos seus corações e ágüe com sabedoria e lições da vida. Quando forem crescidos, dê-lhes espaço para que cresçam.

13. Evite machucar os corações das pessoas. O veneno da dor causada a outros retornará a você.

14. Seja sincero e verdadeiro em todas as situações. A honestidade é o grande teste para a nossa herança do universo.

15. Mantenha-se equilibrado. Seu corpo Espiritual, seu corpo Mental, seu corpo Emocional, e seu corpo Físico; todos necessitam ser fortes, puros e saudáveis. Trabalhe o seu corpo Físico para fortalecer o seu corpo Mental. Enriqueça o seu corpo Espiritual para curar o seu corpo Emocional.

16. Tome decisões conscientes de como você será e como reagirá. Seja responsável por suas próprias ações.

17. Respeite a privacidade e o espaço pessoal dos outros. Não toque as propriedades pessoais de outras pessoas, especialmente objetos religiosos e sagrados. Isto é proibido.

18. Comece sendo verdadeiro consigo mesmo. Se você não puder nutrir e ajudar a si mesmo, você não poderá nutrir e ajudar os outros.

19. Respeite outras crenças religiosas. Não force suas crenças sobre os outros.

20. Compartilhe sua boa fortuna com os outros. Participe com caridade.

CONSELHO INDÍGENA INTER-TRIBAL NORTE AMERICANO
Deste conselho participam as tribos : Cherokee Blackfoot, Cherokee, Lumbee
Tribe, Comanche, Mohawk, Willow Cree, Plains Cree, Tuscarora, Sicangu Lakota
Sioux, Crow (Montana), Northern Cheyenne (Montana).

domingo, 3 de agosto de 2008

"CHIEF SEATTLE'S SPEECH"

- Seattle Sunday Star, October 29, 1887 -





His Native Eloquence, Etc., Etc. by Henry A. Smith Scraps from a Diary: Chief Seattle - A gentleman By Instinct 10th article in the series Early Reminiscences.


Old Chief Seattle was the largest Indian I ever saw, and by far the noblest-looking. He stood 6 feet full in his moccasins, was broad-shouldered deep-chested, and finely proportioned. His eyes were large, intelligent, expressive and friendly when in repose, and faithfully mirrored the varying moods of the great soul that looked through them. He was usually solemn, silent, and dignified, but on great occasions moved among assembled multitudes like a Titan among Lilliputians, and his lightest word was law.


When rising to speak in council or to tender advice, all eyes were turned upon him, and deep-toned, sonorous, and eloquent sentences rolled from his lips like the ceaseless thunders of cataracts flowing from exhaustless fountains, and his magnificent bearing was as noble as that of the most cultivated military chieftain in command of the forces of a continent. Neither his eloquence, his dignity, or his grace were acquired. They were as native to his manhood as leaves and blossoms are to a flowering almond.


His influence was marvelous. He might have been an emperor but all his instincts were democratic, and he ruled his loyal subjects with kindness and paternal benignity.
He was always flattered by marked attention from white men, and never so much as when seated at their tables, and on such occasions he manifested more than anywhere else the genuine instincts of a gentleman.


When Governor Stevens first arrived in Seattle and told the natives he had been appointed commissioner of Indian affairs for Washington Territory, they gave him a demonstrative reception in front of Dr. Maynard's office, near the waterfront on Main Street. The bay swarmed with canoes and the shore was lined with a living mass of swaying, writhing, dusky humanity, until old Chief Seattle's trumpet-toned voice rolled over the immense multitude, like the startling reveille of a bass drum, when silence became as instantaneous and perfect as that which follows a clap of thunder from a clear sky.


The governor was then introduced to the native multitude by Dr. Maynard, and at once commenced, in a conversational, plain, and straightforward style, an explanation of his mission among them, which is too well understood to require capitulation.


When he sat down, Chief Seattle arose with all the dignity of a senator, who carries the responsibilities of a great nation on his shoulders.


Placing one hand on the, governor's head and slowly pointing heavenward with the index finger of the other, he commenced his memorable address in solemn and impressive tones.
"Yonder sky that has wept tears of compassion on our fathers for centuries untold, and which, to us, looks eternal, may change. Today it is fair, tomorrow it may be overcast with clouds. My words are like stars that never set. What Seattle says, the great chief, Washington [1], can rely upon, with as much certainty as our paleface brothers can rely upon the return of the seasons.
"The son of the white chief says his father sends us greetings of friendship and good will. This is kind, for we know he has little need of our friendship in return, because his people are many. They are like the grass that covers the vast prairies, while my people are few, and resemble the scattering trees of a storm-swept plain.


"The great, and I presume also good, white chief sends us word that he wants to buy our lands but is willing to allow us to reserve enough to live on comfortably. This indeed appears generous, for the red man no longer has rights that he need respect, and the offer may be wise, also, for we are no longer in need of a great country.


"There was a time when our people covered the whole land, as the waves of a wind-ruffled sea cover its shell-paved floor. But that time has long since passed away with the greatness of tribes now almost forgotten. I will not mourn over our untimely decay, nor reproach my paleface brothers for hastening it, for we, too, may have been somewhat to blame.


"When our young men grow angry at some real or imaginary wrong, and disfigure their faces with black paint, their hearts also are disfigured and turn black, and then their cruelty is relentless and knows no bounds, and our old men are not able to restrain them.


"But let us hope that hostilities between the red man and his paleface brothers may never return. We would have everything to lose and nothing to gain.


"True it is, that revenge, with our young braves, is considered gain, even at the cost of their own lives. But old men who stay at home in times of war, and old women, who have sons to lose, know better.


"Our great father Washington, for I presume he is now our father as well as yours, since George has moved his boundaries to the north; our great and good father, I say, sends us word by his son, who, no doubt, is a great chief among his people, that if we do as he desires, he will protect us. His brave armies will be to us a bristling wall of strength, and his great ships of war will fill our harbors so that our ancient enemies far to the northward, the Simsiams and Hydas, will no longer frighten our women and old men. Then he will be our father and we will be his children.
"But can this ever be? Your God loves your people and hates mine; he folds his strong arms lovingly around the white man and leads him as a father leads his infant son, but he has forsaken his red children; he makes your people wax strong every day, and soon they will fill the land; while my people are ebbing away like a fast-receding tide, that will never flow again. The white man's God cannot love his red children or he would protect them. They seem to be orphans and can look nowhere for help. How then can we become brothers? How can your father become our father and bring us prosperity and awaken in us dreams of returning greatness?


"Your God seems to us to be partial. He came to the white man. We never saw Hirn; never even heard His voice; He gave the white man laws but He had no word for His red children whose teeming millions filled this vast continent as the stars fill the firmament. No, we are two distinct races and must ever remain so. There is little in common between us. The ashes of our ancestors are sacred and their final resting place is hallowed ground, while you wander away from the tombs of your fathers seemingly without regret.


"Your religion was written on tables of stone by the iron finger of an angry God, lest you might forget it, The red man could never remember nor comprehend it.


"Our religion is the traditions of our ancestors, the dream of our old men, given them by the great Spirit, and the visions of our sachems, and is written in the hearts of our people.
"Your dead cease to love you and the homes of their nativity as soon as they pass the portals of the tomb. They wander far off beyond the stars, are soon forgotten, and never return. Our dead never forget the beautiful world that gave them being. They still love its winding rivers, its great mountains and its sequestered vales, and they ever yearn in tenderest affection over the lonely hearted living and often return to visit and comfort them.


"Day and night cannot dwell together. The red man has ever fled the approach of the white man, as the changing mists on the mountainside flee before the blazing morning sun.


"However, your proposition seems a just one, and I think my folks will accept it and will retire to the reservation you offer them, and we will dwell apart and in peace, for the words of the great white chief seem to be the voice of nature speaking to my people out of the thick darkness that is fast gathering around them like a dense fog floating inward from a midnight sea.


"It matters but little where we pass the remainder of our days. They are not many.


"The Indian's night promises to be dark. No bright star hovers about the horizon. Sad-voiced winds moan in the distance. Some grim Nemesis of our race is on the red man's trail, and wherever he goes he will still hear the sure approaching footsteps of the fell destroyer and prepare to meet his doom, as does the wounded doe that hears the approaching footsteps of the hunter. A few more moons, a few more winters, and not one of all the mighty hosts that once filled this broad land or that now roam in fragmentary bands through these vast solitudes will remain to weep over the tombs of a people once as powerful and as hopeful as your own.


"But why should be repine? Why should I murmur at the fate of my people? Tribes are made up of individuals and are no better than they. Men come and go like the waves of the sea. A tear, a tamanawus, a dirge, and they are gone from our longing eyes forever. Even the white man, whose God walked and talked with him, as friend to friend, is not exempt from the common destiny. We may be brothers after all. We shall see.


"We will ponder your proposition, and when we have decided we will tell you. But should we accept it, I here and now make this the first condition: That we will not be denied the privilege, without molestation, of visiting at will the graves of our ancestors and friends. Every part of this country is sacred to my people. Every hillside, every valley, ever plain and grove has been hallowed by some fond memory or some sad experience of my tribe,
"Even the rocks that seem to lie dumb as they swelter in the sun along the silent seashore in solemn grandeur thrill with memories of past events connected with the fate of my people, and the very dust under your feet responds more lovingly to our footsteps than to yours, because it is the ashes of our ancestors, and our bare feet are conscious of the sympathetic touch, for the soil is rich with the life of our kindred.


"The sable braves, and fond mothers, and glad-hearted maidens, and the little children who lived and rejoiced here, and whose very names are now forgotten, still love these solitudes, and their deep fastness at eventide grow shadowy with the presence of dusky spirits. And when the last red man shall have perished from the earth and his memory among white men shall have become a myth, these shores shall swarm with the invisible dead of my tribe, and when your children's children shall think themselves alone in the field, the store, the shop, upon the highway or in the silence of the woods, they will not be alone. In all the earth there is no place dedicated to solitude. At night, when the streets of your cities and villages shall be silent, and you think them deserted, they will throng with the returning hosts that once filled and still love this beautiful land. The white man will never be alone. Let him be just and deal kindly with my people, for the dead are not altogether powerless."


Other speakers followed, but I took no notes. Governor Stevens' reply was brief. He merely promised to meet them in general council on some future occasion to discuss the proposed treaty. Chief Seattle's promise to adhere to the treaty, should one be ratified, was observed to the letter, for he was ever the unswerving and faithful friend of the white man. The above is but a fragment of his speech, and lacks all the charm lent by the grace and earnestness of the sable old orator, and the occasion. - H.A. Smith.


H.A.Smith´s own remarks:


[1]. The Indians in early times thought that Washington was still alive. They knew the name to be that of a president, and when they heard of the president at Washington they mistook the name of the city for the name of the reigning chief. They thought, too, that King George was still England's monarch, because the Hudson Bay traders called themselves "King George's Men." This innocent deception the company was shrewd enough not to explain away, for the Indians had more respect for them than they would have had, had they known England was ruled by a woman. Some of us have learned better.



Fonte: http://www.geocities.com/rainforest/andes/8032/page16.html

Discurso feito pelo Chefe Seattle ao Presidente Franklin Pierce em 1854

(depois do Governo Americano ter dado a entender que desejava adquirir o Território da Tribo)
.
O grande chefe de Washington mandou dizer que desejava comprar a nossa terra, o grande chefe assegurou-nos também de sua amizade e benevolência. Isto é gentil de sua parte, pois sabemos que ele não precisa de nossa amizade.


Vamos, porém, pensar em sua oferta, pois sabemos que se não o fizermos, o homem branco virá com armas e tomará nossa terra. O grande chefe de Washington pode confiar no que o Chefe Seattle diz com a mesma certeza com que nossos irmãos brancos podem confiar na alteração das estações do ano.


Minha palavra é como as estrelas - elas não empalidecem.


Como podes comprar ou vender o céu, o calor da terra? Tal idéia nos é estranha. Se não somos donos da pureza do ar ou do resplendor da água, como então podes comprá-los? Cada torrão desta terra é sagrado para meu povo, cada folha reluzente de pinheiro, cada praia arenosa, cada véu de neblina na floresta escura, cada clareira e inseto a zumbir são sagrados nas tradições e na consciência do meu povo. A seiva que circula nas árvores carrega consigo as recordações do homem vermelho.


O homem branco esquece a sua terra natal, quando - depois de morto - vai vagar por entre as estrelas. Os nossos mortos nunca esquecem esta formosa terra, pois ela é a mãe do homem vermelho. Somos parte da terra e ela é parte de nós. As flores perfumadas são nossas irmãs; o cervo, o cavalo, a grande águia - são nossos irmãos. As cristas rochosas, os sumos da campina, o calor que emana do corpo de um mustang, e o homem - todos pertecem à mesma família.
Portanto, quando o grande chefe de Washington manda dizer que deseja comprar nossa terra, ele exige muito de nós. O grande chefe manda dizer que irá reservar para nós um lugar em que possamos viver confortavelmente. Ele será nosso pai e nós seremos seus filhos. Portanto, vamos considerar a tua oferta de comprar nossa terra. Mas não vai ser fácil, porque esta terra é para nós sagrada.


Esta água brilhante que corre nos rios e regatos não é apenas água, mas sim o sangue de nossos ancestrais. Se te vendermos a terra, terás de te lembrar que ela é sagrada e terás de ensinar a teus filhos que é sagrada e que cada reflexo espectral na água límpida dos lagos conta os eventos e as recordações da vida de meu povo. O rumorejar d'água é a voz do pai de meu pai. Os riois são nossos irmãos, eles apagam nossa sede. Os rios transportam nossas canoas e alimentam nossos filhos. Se te vendermos nossa terra, terás de te lembrar e ensinar a teus filhos que os rios são irmãos nossos e teus, e terás de dispensar aos rios a afabilidade que darias a um irmão.


Sabemos que o homem branco não compreende o nosso modo de viver. Para ele um lote de terra é igual a outro, porque ele é um forasteiro que chega na calada da noite e tira da terra tudo o que necessita. A terra não é sua irmã, mas sim sua inimiga, e depois de a conquistar, ele vai embora, deixa para trás os túmulos de seus antepassados, e nem se importa. Arrebata a terra das mãos de seus filhos e não se importa. Ficam esquecidos a sepultura de seu pai e o direito de seus filhos à herança. Ele trata sua mãe - a terra - e seu irmão - o céu - como coisas que podem ser compradas, saqueadas, vendidas como ovelha ou miçanga cintilante. Sua voracidade arruinará a terra, deixando para trás apenas um deserto.


Não sei. Nossos modos diferem dos teus. A vista de tuas cidades causa tormento aos olhos do homem vermelho. Mas talvez isto seja assim por ser o homem vermelho um selvagem que de nada entende.


Não há sequer um lugar calmo nas cidades do homem branco. Não há lugar onde se possa ouvir o desabrochar da folhagem na primavera ou o tinir das assa de um inseto. Mas talvez assim seja por ser eu um selvagem que nada compreende; o barulho parece apenas insultar os ouvidos. E que vida é aquela se um homem não pode ouvir a voz solitária do curiango ou, de noite, a conversa dos sapos em volta de um brejo? Sou um homem vermelho e nada compreendo. O índio prefere o suave sussurro do vento a sobrevoar a superfície de uma lagoa e o cheiro do próprio vento, purificado por uma chuva do meio-dia, ou rescendendo a pinheiro.


O ar é precioso para o homem vermelho, porque todas as criaturas respiram em comum - os animais, as árvores, o homem.


O homem branco parece não perceber o ar que respira. Como um moribundo em prolongada agonia, ele é insensivel ao ar fétido. Mas se te vendermos nossa terra, terás de te lembrar que o ar é precioso para nós, que o ar reparte seu espírito com toda a vida que ele sustenta. O vento que deu ao nosso bisavô o seu primeiro sopro de vida, também recebe o seu último suspiro. E se te vendermos nossa terra, deverás mantê-la reservada, feita santuário, como um lugar em que o próprio homem branco possa ir saborear o vento, adoçado com a fragância das flores campestres.


Assim pois, vamos considerar tua oferta para comprar nossa terra. Se decidirmos aceitar, farei uma condição: o homem branco deve tratar os animais desta terra como se fossem seus irmãos.
Sou um selvagem e desconheço que possa ser de outro jeito. Tenho visto milhares de bisões apodrecendo na pradaria, abandonados pelo homem branco que os abatia a tiros disparados do trem em movimento. Sou um selvagem e não compreendo como um fumegante cavalo de ferro possa ser mais importante do que o bisão que (nós - os índios ) matamos apenas para o sustento de nossa vida.


O que é o homem sem os animais? Se todos os animais acabassem, o homem morreria de uma grande solidão de espírito. Porque tudo quanto acontece aos animais, logo acontece ao homem. Tudo está relacionado entre si.


Deves ensinar a teus filhos que o chão debaixo de seus pés são as cinzas de nossos antepassados; para que tenham respeito ao país, conta a teus filhos que a riqueza da terra são as vidas da parentela nossa. Ensina a teus filhos o que temos ensinado aos nossos: que a terra é nossa mãe. Tudo quanto fere a terra - fere os filhos da terra. Se os homens cospem no chão, cospem sobre eles próprios.


De uma coisa sabemos. A terra não pertence, ao homem: é o homem que pertence à terra, disso temos certeza. Todas as coisas estão interligadas, como o sangue que une uma família. Tudo está relacionado entre si. Tudo quanto agride a terra, agride os filhos da terra. Não foi o homem quem teceu a trama da vida: ele é meramente um fio da mesma. Tudo o que ele fizer à trama, a si próprio fará.


Os nossos filhos viram seus pais humilhados na derrota. Os nossos guerreiros sucumbem sob o peso da vergonha. E depois da derrota passam o tempo em ócio, envenenando seu corpo com alimentos adoçicados e bebidas ardentes. Não tem grande importância onde passaremos os nossos últimos dias - eles não são muitos. Mais algumas horas, mesmos uns invernos, e nenhum dos filhos das grandes tribos que viveram nesta terra ou que têm vagueado em pequenos bandos pelos bosques, sobrará para chorar, sobre os túmulos um povo que um dia foi tão poderoso e cheio de confiança como o nosso.


Nem o homem branco, cujo Deus com ele passeia e conversa como amigo para amigo, pode ser isento do destino comum. Poderíamos ser irmãos, apesar de tudo. Vamos ver, de uma coisa sabemos que o homem branco venha, talvez, um dia descobrir: nosso Deus é o mesmo Deus. Talvez julgues, agora, que o podes possuir do mesmo jeito como desejas possuir nossa terra; mas não podes. Ele é Deus da humanidade inteira e é igual sua piedade para com o homem vermelho e o homem branco. Esta terra é querida por ele, e causar dano à terra é cumular de desprezo o seu criador. Os brancos também vão acabar; talvez mais cedo do que todas as outras raças.


Continuas poluindo a tua cama e hás de morrer uma noite, sufocado em teus próprios desejos.
Porém, ao perecerem, vocês brilharão com fulgor, abrasados, pela força de Deus que os trouxe a este país e, por algum desígnio especial, lhes deu o domínio sobre esta terra e sobre o homem vermelho. Esse destino é para nós um mistério, pois não podemos imaginar como será, quando todos os bisões forem massacrados, os cavalos bravios domados, as brenhas das florestas carregadas de odor de muita gente e a vista das velhas colinas empanada por fios que falam.


Onde ficará o emaranhado da mata? Terá acabado. Onde estará a águia? Irá acabar. Restará dar adeus à andorinha e à caça; será o fim da vida e o começo da luta para sobreviver.


Compreenderíamos, talvez, se conhecêssemos com que sonha o homem branco, se soubéssemos quais as esperanças que transmite a seus filhos nas longas noites de inverno, quais as visões do futuro que oferece às suas mentes para que possam formar desejos para o dia de amanhã.


Somos, porém, selvagens. Os sonhos do homem branco são para nós ocultos, e por serem ocultos, temos de escolher nosso próprio caminho. Se consentirmos, será para garantir as reservas que nos prometestes. Lá, talvez, possamos viver o nossos últimos dias conforme desejamos. Depois que o último homem vermelho tiver partido e a sua lembrança não passar da sombra de uma nuvem a pairar acima das pradarias, a alma do meu povo continuará vivendo nestas floresta e praias, porque nós a amamos como ama um recém-nascido o bater do coração de sua mãe.


Se te vendermos a nossa terra, ama-a como nós a amávamos. Proteje-a como nós a protegíamos. "Nunca esqueças de como era esta terra quando dela tomaste posse": E com toda a tua força o teu poder e todo o teu coração - conserva-a para teus filhos e ama-a como Deus nos ama a todos. De uma coisa sabemos: o nosso Deus é o mesmo Deus, esta terra é por ele amada. Nem mesmo o homem branco pode evitar o nosso destino comum.

Chefe indígena - Chefe Seattle (Duwamish)

(Transcrito de http://www.geocities.com/rainforest/andes/8032/page16.html)

Os índios Duwamish habitavam a região onde hoje se encontra o Estado americano Washington - no extremo Noroeste dos Estados Unidos, divisa com o Canadá, logo acima dos Estados de Montana, Idaho e Oregon. No passado era um "paraiso na Terra", região inspiradora de uma das mais lindas 'poesias' dedicadas á natureza - o discurso que o Chefe indígena Duwamish (Chefe Seattle) fez ao Governo Americano na época -, hoje, ainda sendo bela, mas não mais um 'paraiso', sua cidade mais famosa é Seattle (nome dado em homenagem ao Chefe), uma beleza de outro tipo que infelizmente vem gerando graves problemas ecológicos. Os índios migraram pelo Puget Sound para a Reserva Port Madison. O Chefe Seattle e sua filha estão enterrados lá.

Existem muitas controversias sobre o conteúdo original do discurso. O primeiro registro escrito que se conhece, foi feito no Jornal Seattle Sunday Star em 1887 pelo Dr.Henry Smith, que estava presente no pronunciamento - ele publicou suas próprias anotações com comentários sobre o Grande Chefe, que segundo ele, era uma pessoa profundamente impressionante e carismática. Nos anos 70 (1970) foram divulgadas várias versões deste discurso em conexão com movimentos ecológicos e a favor da preservação da natureza; o discurso ficou muito conhecido, quase mitificado, ficando de lado as discussões sobre sua originalidade.

Aqui, após a tradução portuguesa de uma das mais famosas versões da década de 70, transcrevemos a publicação americana original do Dr.Henry Smith-1887. A foto do Grande Chefe Seattle (1787-1866), abaixo, é de E.M.Sammis e o original encontra-se na: "University of Washington Special Collection #NA 1511".