Vídeo em destaque
Mensagem do Blog Povo Ameríndio para o Dia do Índio de 2009
"Mas agora ele só tem o 19 de Abril..."
Muito se fala sobre o passado, especialmente sobre o extermínio dos índios norte-americanos. E o presente, e os índios brasileiros? Este vídeo de 3min e 43s apresenta uma visão forte sobre o assunto.Essa é uma homenagem do Blog Povo Ameríndio a todos aqueles que são nativos das américas ou seus descendentes.
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quarta-feira, 27 de maio de 2009
Para Pensar (de novo)...
"Quando nossos pais viviam, ouviram dizer que os americanos estavam chegando, através do grande rio, rumo ao Oeste... ouvimos armas e pólvoras e balas - primeiro as pederneiras, depois cápsulas de percussão e agora rifles de repetição. Vimos os americanos, pela primeira vez, em Cottonwood Wash. Tivemos guerras com os mexicanos e os pueblos. Capturamos mulas dos mexicanos e tínhamos muitas mulas. Os americanos chegaram para comerciar conosco. Quando os americanos vieram pela primeira vez, fizemos uma grande dança e eles dançaram com nossas mulheres. Também comerciamos."
MANUELITO, dos Navajos
Para pensar...
"De quem foi a voz que primeiro soou nesta terra? A voz do povo vermelho que só tinha arcos e flechas...O que foi feito em minha terra, eu não quis, nem pedi;os brancos percorrendo minha terra...Quando o homem branco vem ao meu território, deixa uma trilha de sangue atrás dele...Tenho duas montanhas neste território - as Black Hills e a montanha Big Horn. Quero que o Pai Grande não faça estradas através delas. Disse estas coisas três vezes; agora venho dizê-las pela quarta vez."
MAHPIUALUTA (Nuvem Vermelha), dos Sioux Oglalas
domingo, 3 de maio de 2009
A ÁGUIA SAGRADA
"O que é o homem sem os animais? Se todos os animais fossem os homens morreriam de uma grande solidão de espírito. O que ocorre com os animais, breve acontece com o homem. Há uma ligação em tudo. O que ocorrer com a terra recairá sobre os filhos da terra. O homem não tramou o tecido da vida; ele é simplesmente um de seus fios."
A águia é considerada a "Rainha dos Pássaros", mensageira ou a substituta do fogo celeste e da mais alta divindade urânica. Considerada a substituta do Sol tanto na mitologia asiática e norte-asiática como nas mitologias ameríndias do Norte e do Sul, em particular, entre os índios das pradarias e entre os astecas. Também no Japão, o Kami, cujo mensageiro e montaria é uma águia denominada a águia do Sol.
Na representação do universo dos índios zuni, a águia é colocada, com o Sol, no quinto ponto cardeal (que é o zênite), isto é, no eixo do mundo. Em pesquisas compulsadas, encontramos uma concepção similar entre os gregos, onde as águias, tendo partido da extremidade do mundo, pararam na vertical do omphalos (umbigo) de Delfos, o eixo do mundo.
Dotada dessa extraordinária força solar e urânica, a águia tornou-se naturalmente ave tutelar, iniciadora e psicopompa. Assim era entre os antigos povos indo-europeus e, em todo o mundo, a lama xamà é levada pela águia (morte e vôo extático). O xamanismo, do Oriente ao Ocidente, conservou essa simbólica, que se encontra tanto na Sibéria como na América do Norte. Entre os índios norte-americanos pavitso, um bastão ornado com pena de águia, carregado por um xamã, é posto sobre a cabeça do doente e o mal é levado, exatamente como o xamã o é pela águia em seus vôos mágicos. Na mesma área cultural, uma águia constrói o ninho no alto da árvore cósmica e cuida, como um remédio, de todos os males contidos em seus ramos.
A águia também é iniciadora e regeneradora, trazendo em si tanto o poder da vida como o da morte. Assim, a grande águia que salva o herói Töshtük do mundo terreno é iniciadora psicopompa. Só ela pode voar de um mundo para o outro. Engole o herói moribundo, refaz-lhe um corpo em seu ventre e restitui à vida, pondo-o no mundo uma segunda vez. Esse poder de regeneração por absorção está presente em muitos mitos inicáticos
Em um mito siberiano, o Altíssimo envia a águia para levar socorro aos homens atormentados por maus espíritos, que lhes trazem doença e morte. Mas, como os humanos nào compreendem a linguagem da mensageira, o Altíssimo diz a águia que dê aos homens o dom de xamanizar. Ela desce à terra e engravida uma mulher, que dá à luz o primeiro xamã.
A Tradição Ocidental também dotou a águia de poderes extraordinários que lhe permitem pôr-se acima das contingências terrestres. Assim, de acordo com os bestiários da Idade Média, quando a águia envelhece, suas asas se tornam pesadas e sua vista perde a agudeza; mas, em vez de sucumbir à velhice, ela procura uma fonte, depois voa na direção do Sol, para consumir suas asas e queimar a inflamação de seus olhos sob seus raios ardentes, que só ela é capaz de ousar fixar. Em seguida, retorna à fonte e banha-se três vezes nela; logo suas asas reencontram a força e o vigor de sua juventude, seus olhos clareiam e ela volta a ser tão jovem e vigorosa quanto antes. A águia sempre foi considerada uma rara criatura que consegue fixar o Sol sem queimar os olhos e sem sequer pestanejar.
"Os homens da medicina", ou pajés, confeccionam varas sagradas ornadas com penas de águias e colocam-nas nos cantos das sementeiras para obterem aos seus donos safras abundantes. Que procuravam, por assim dizer, o contato da águia com seus campos parece basear-se sobre a ilação comum entre os índios, que da força, deve sair de qualquer maneira a força, do mesmo modo que o veado comunica velocidade para quem come a sua carne.
Mas para ter à disposição estas forças misteriosas, não bastava apoderar-se dos reis da avifauna, mas também ser sustentados e nutridos com esmero. A caça à águias, sempre eram precedidas de certas cerimônias: acendiam, por exemplo, uma grande fogueira, onde chagavam-se todos os caçadores a ela e começavam a rezar e inclinar reverentes a cabeça e em seguida passam as armas pela fumaça da fogueira para atraírem a si e as suas armas a benção da divindade.
Como todo símbolo, também a águia tem sua face oculta, sombria, noturna e maléfica. O exagero da qualidade e seus excessos, transforma-a em defeito. O valor positivo então, torna-se negativo, o poder se depurta. Este dualismo do símbolo é observado entre os índios pawnee da América do Norte. Na tradição deles, a água parda fêmea, é associada á noite e á escuridão, à Lua, ao Norte, à Mãe primordial em seu aspecto terrível, ao passo que a águia branca macho, recebe sua natureza profunda da luz do dia, do Sol, do Sul, do Pai primordial, cujo aspecto paternalista e protetor às vezes se tornam dominador e tirânico. A águia maléfica encarna, pois, a astúcia e a tradição a serviço da tirania, o poder da força bruta, os valores masculinos destruidores.
A pena da águia e o apito feito do seu osso são utilizados como instrumento de cura pelas tribos ameríndias.
Na cosmogonia ameríndia, a águia é representação material do Grande Pássaro Trovão, pássaro sobrenatural que se dissimula nas nuvens de tempestade, cujos olhos lançam raios e cujas asas gigantescas, quando batem, produzem os ribombos do trovão.
O Pássaro do Trovão, enquanto encarnação da voz do Grande Espírito, é escoltado por uma multidão de espíritos menores, que têm a forma de águias ou falcões. Assim, a águia evoca não só o trovão, mas também o raio, cuja semelhança vemos nas flechas. E essa flecha, o raio, é do Sol. Por assimilação, a águia se torna, portanto, a representação do próprio Sol, Sol que na cosmogonia ameríndia, ocupa o lugar supremo da escala das manifestações de Waran-Tanka, o Grande Espírito Criador.
Na tradição helênica, a águia é atributo de Zeus (possuidor do raio e do relâmpago); em Roma antiga, era o emblema de Júpiter e entre os astecas o Sol (Tonatiuh) era invocado como o resplandecente, como a águia que sobe. No Egito Antigo, o falcão (versão norte-africana da águia) era a forma material do deus hórus. Ele era também mensageiro de Rê, o deus Sol, representado com a cabeça de falcão. Na mitologia nórdica, um capacete fourado ornado com grandes asas de águia, é usado pelo deus supremo Odim, intimamente ligado à tempestade, ao trovão e ao raio de Caça selvagem, horda aérea que ele conduz com as Valquírias, nas noites de tempestades.
Texto pesquisado e desenvolvido por Rosane Volpatto
(FONTE: http://www.rosanevolpatto.trd.br/lendaaguia.htm)
Bibliografia consultada:
O Simbolismo Animal - Jean-Paul Ronecker
Les Indiens de la Prairie - George Catlin
Dictionnaire symbolique des animaux - Dom Pierre Miquel
De Natura Animalium - Claudius Aelanius
Mythologie zoologique - A. de Gubernatis
Dictionnaire de mythologie celtique - Jean Paul Persigout
A águia é considerada a "Rainha dos Pássaros", mensageira ou a substituta do fogo celeste e da mais alta divindade urânica. Considerada a substituta do Sol tanto na mitologia asiática e norte-asiática como nas mitologias ameríndias do Norte e do Sul, em particular, entre os índios das pradarias e entre os astecas. Também no Japão, o Kami, cujo mensageiro e montaria é uma águia denominada a águia do Sol.
Na representação do universo dos índios zuni, a águia é colocada, com o Sol, no quinto ponto cardeal (que é o zênite), isto é, no eixo do mundo. Em pesquisas compulsadas, encontramos uma concepção similar entre os gregos, onde as águias, tendo partido da extremidade do mundo, pararam na vertical do omphalos (umbigo) de Delfos, o eixo do mundo.
Dotada dessa extraordinária força solar e urânica, a águia tornou-se naturalmente ave tutelar, iniciadora e psicopompa. Assim era entre os antigos povos indo-europeus e, em todo o mundo, a lama xamà é levada pela águia (morte e vôo extático). O xamanismo, do Oriente ao Ocidente, conservou essa simbólica, que se encontra tanto na Sibéria como na América do Norte. Entre os índios norte-americanos pavitso, um bastão ornado com pena de águia, carregado por um xamã, é posto sobre a cabeça do doente e o mal é levado, exatamente como o xamã o é pela águia em seus vôos mágicos. Na mesma área cultural, uma águia constrói o ninho no alto da árvore cósmica e cuida, como um remédio, de todos os males contidos em seus ramos.
A águia também é iniciadora e regeneradora, trazendo em si tanto o poder da vida como o da morte. Assim, a grande águia que salva o herói Töshtük do mundo terreno é iniciadora psicopompa. Só ela pode voar de um mundo para o outro. Engole o herói moribundo, refaz-lhe um corpo em seu ventre e restitui à vida, pondo-o no mundo uma segunda vez. Esse poder de regeneração por absorção está presente em muitos mitos inicáticos
Em um mito siberiano, o Altíssimo envia a águia para levar socorro aos homens atormentados por maus espíritos, que lhes trazem doença e morte. Mas, como os humanos nào compreendem a linguagem da mensageira, o Altíssimo diz a águia que dê aos homens o dom de xamanizar. Ela desce à terra e engravida uma mulher, que dá à luz o primeiro xamã.
A Tradição Ocidental também dotou a águia de poderes extraordinários que lhe permitem pôr-se acima das contingências terrestres. Assim, de acordo com os bestiários da Idade Média, quando a águia envelhece, suas asas se tornam pesadas e sua vista perde a agudeza; mas, em vez de sucumbir à velhice, ela procura uma fonte, depois voa na direção do Sol, para consumir suas asas e queimar a inflamação de seus olhos sob seus raios ardentes, que só ela é capaz de ousar fixar. Em seguida, retorna à fonte e banha-se três vezes nela; logo suas asas reencontram a força e o vigor de sua juventude, seus olhos clareiam e ela volta a ser tão jovem e vigorosa quanto antes. A águia sempre foi considerada uma rara criatura que consegue fixar o Sol sem queimar os olhos e sem sequer pestanejar.
"Os homens da medicina", ou pajés, confeccionam varas sagradas ornadas com penas de águias e colocam-nas nos cantos das sementeiras para obterem aos seus donos safras abundantes. Que procuravam, por assim dizer, o contato da águia com seus campos parece basear-se sobre a ilação comum entre os índios, que da força, deve sair de qualquer maneira a força, do mesmo modo que o veado comunica velocidade para quem come a sua carne.
Mas para ter à disposição estas forças misteriosas, não bastava apoderar-se dos reis da avifauna, mas também ser sustentados e nutridos com esmero. A caça à águias, sempre eram precedidas de certas cerimônias: acendiam, por exemplo, uma grande fogueira, onde chagavam-se todos os caçadores a ela e começavam a rezar e inclinar reverentes a cabeça e em seguida passam as armas pela fumaça da fogueira para atraírem a si e as suas armas a benção da divindade.
A ÁGUIA E SUA FACE OCULTA
Como todo símbolo, também a águia tem sua face oculta, sombria, noturna e maléfica. O exagero da qualidade e seus excessos, transforma-a em defeito. O valor positivo então, torna-se negativo, o poder se depurta. Este dualismo do símbolo é observado entre os índios pawnee da América do Norte. Na tradição deles, a água parda fêmea, é associada á noite e á escuridão, à Lua, ao Norte, à Mãe primordial em seu aspecto terrível, ao passo que a águia branca macho, recebe sua natureza profunda da luz do dia, do Sol, do Sul, do Pai primordial, cujo aspecto paternalista e protetor às vezes se tornam dominador e tirânico. A águia maléfica encarna, pois, a astúcia e a tradição a serviço da tirania, o poder da força bruta, os valores masculinos destruidores.
A pena da águia e o apito feito do seu osso são utilizados como instrumento de cura pelas tribos ameríndias.
NA COSMOGONIA AMERÍNDIA - PÁSSARO-TROVÃO
Na cosmogonia ameríndia, a águia é representação material do Grande Pássaro Trovão, pássaro sobrenatural que se dissimula nas nuvens de tempestade, cujos olhos lançam raios e cujas asas gigantescas, quando batem, produzem os ribombos do trovão.
O Pássaro do Trovão, enquanto encarnação da voz do Grande Espírito, é escoltado por uma multidão de espíritos menores, que têm a forma de águias ou falcões. Assim, a águia evoca não só o trovão, mas também o raio, cuja semelhança vemos nas flechas. E essa flecha, o raio, é do Sol. Por assimilação, a águia se torna, portanto, a representação do próprio Sol, Sol que na cosmogonia ameríndia, ocupa o lugar supremo da escala das manifestações de Waran-Tanka, o Grande Espírito Criador.
Na tradição helênica, a águia é atributo de Zeus (possuidor do raio e do relâmpago); em Roma antiga, era o emblema de Júpiter e entre os astecas o Sol (Tonatiuh) era invocado como o resplandecente, como a águia que sobe. No Egito Antigo, o falcão (versão norte-africana da águia) era a forma material do deus hórus. Ele era também mensageiro de Rê, o deus Sol, representado com a cabeça de falcão. Na mitologia nórdica, um capacete fourado ornado com grandes asas de águia, é usado pelo deus supremo Odim, intimamente ligado à tempestade, ao trovão e ao raio de Caça selvagem, horda aérea que ele conduz com as Valquírias, nas noites de tempestades.
Texto pesquisado e desenvolvido por Rosane Volpatto
(FONTE: http://www.rosanevolpatto.trd.br/lendaaguia.htm)
Bibliografia consultada:
O Simbolismo Animal - Jean-Paul Ronecker
Les Indiens de la Prairie - George Catlin
Dictionnaire symbolique des animaux - Dom Pierre Miquel
De Natura Animalium - Claudius Aelanius
Mythologie zoologique - A. de Gubernatis
Dictionnaire de mythologie celtique - Jean Paul Persigout
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