
Nada melhor do que recomendar uma leitura profunda, fundamentada em pesquisas sérias, feitas por quem realmente entende do que fala.
Pesquisamos na "net" e encontramos um trabalho de Carmen Junqueira, antropóloga, formada em 1959 pela Escola de Sociologia e Política de São Paulo. Carmen Junqueira é professora emérita da PUC de São Paulo e escreveu diversos livros, como Os índios de Itapu (Ática), Antropologia indígena (Educ), Indigenismo na América Latina (Cortez) e Sexo e desigualdade (Rosa dos Tempos).
Em seu trabalho "PAJÉS E FEITICEIROS", Carmen explica a relação entre pajelança e feitiçaria, atividades sociais que se opõem na cultura Kamaiurá. Trata-se de um exame dos procedimentos que acompanham doença e morte, ambos fatores de desordem no cotidiano da aldeia. O estudo foi baseado na sociedade Kamaiurá (Alto Rio Xingu), ao lado da lagoa de Ipavu.
É interessante entender que entre os chamados "primitivos" os vestígios da verdadeira essência da relação homem-natureza (ou natureza-homem, como queiram) é tratada como algo óbvio e simples. Diz Carmen Junqueira: "Os Kamaiurá têm um modo peculiar de observar as coisas, reparando com vagar nos detalhes, como que buscando qualidades: cheiram, apalpam, testam o sabor. É um exame lento, cuidadoso, no qual os sentidos apurados são exigentes e não deixam que o tempo corra livre ordenando e definindo ritmos e limites. O tempo parece solidário com a vontade de conhecer. E possível, também, que esse uso profundo dos sentidos estimule a criatividade mítica, ampliando os registros da imaginação, permitindo enxergar uma riqueza de relações, semelhanças e oposições escondidas na aparente insignificância das coisas materiais mais corriqueiras."
Para conhecer mais essa cultura, um bom caminho é visitar o website SciELO Brazil (Scientific Electronic Library Online) e ler o estudo de Carmen Junqueira.
Boa leitura!